O cogumelo Juba de Leão é grande, branco e com uma aparência característica, lembrando fios longos e desgrenhados — por isso o nome inspirado na juba de um leão.
Eles pertencem à espécie Hericium erinaceus, também conhecida internacionalmente como Lion's Mane, e tradicionalmente chamada de hou tou gu na China e yamabushitake no Japão.
Além de sua aparência única, o que realmente torna esse fungo especial é sua alta concentração de compostos bioativos — especialmente hericenonas e erinacinas, substâncias com forte potencial terapêutico.
Esses compostos têm demonstrado, em diversos estudos, efeitos benéficos significativos sobre o cérebro, coração, intestino e sistema imunológico.
Na medicina tradicional de países como China, Índia, Japão e Coreia, o Cogumelo Juba de Leão já é utilizado há séculos como um tônico cerebral, digestivo e imunológico.
Mas, mais recentemente, a ciência moderna tem se aprofundado nesses usos com mais precisão e dados.
A seguir, você confere nove benefícios comprovados (ou altamente promissores) do uso contínuo do cogumelo Juba de Leão e seus extratos concentrados para a melhora da saúde e bem-estar:
1. Estimula o crescimento de novas células cerebrais e pode proteger contra o Alzheimer
Com o passar dos anos, a capacidade do cérebro de formar novas conexões e regenerar neurônios — um processo conhecido como neurogênese — tende a diminuir. Esse declínio está diretamente associado à piora da função cognitiva em adultos mais velhos.¹
Porém, o cogumelo Juba de Leão (Hericium erinaceus) tem se destacado justamente por conter dois compostos neuroativos bastante promissores: hericenonas (presentes no corpo frutífero) e erinacinas (encontradas no micélio). Ambos demonstraram a capacidade de estimular a síntese do Fator de Crescimento Neural (NGF) — uma proteína essencial para o crescimento, manutenção e sobrevivência de neurônios.²
Estudos com modelos animais indicaram que o Lion’s Mane pode proteger o cérebro contra danos neurológicos progressivos, como os causados pela doença de Alzheimer. Isso ocorre, em parte, por sua ação inibitória sobre o acúmulo das placas de beta-amiloide, que são consideradas um dos principais fatores na neurodegeneração associada à doença.
Em humanos, um estudo clínico publicado em 2020 demonstrou que participantes diagnosticados com Alzheimer leve a moderado que tomaram 1 grama de extrato de Juba de Leão por dia, durante 49 semanas, apresentaram melhoras significativas nos testes cognitivos, quando comparados ao grupo placebo.³
Esses achados indicam um potencial terapêutico importante para o uso contínuo do Lion’s Mane como neuroprotetor e estimulador cognitivo, especialmente em fases iniciais da degeneração cerebral.
2. Contribui para o alívio de sintomas de depressão e ansiedade
Estima-se que até um terço da população adulta em países desenvolvidos enfrente, em algum grau, sintomas relacionados à ansiedade ou à depressão.⁴
Evidências emergentes sugerem que o cogumelo Juba de Leão pode desempenhar um papel complementar no suporte à saúde mental. Estudos realizados em modelos animais demonstraram que seus extratos possuem propriedades anti-inflamatórias neuroprotetoras, capazes de modular positivamente o estado emocional.⁵
Mais especificamente, pesquisas indicam que o Lion’s Mane pode estimular a regeneração de neurônios no hipocampo — região do cérebro envolvida no processamento da memória e no controle das emoções. Um hipocampo disfuncional está frequentemente associado a quadros depressivos e ansiosos.⁶
Em humanos, um estudo piloto japonês publicado em 2010 avaliou mulheres na menopausa que consumiram biscoitos contendo extrato de Hericium erinaceus diariamente por 4 semanas. Os resultados mostraram uma redução significativa na irritabilidade, ansiedade e sintomas leves de depressão, segundo as participantes.⁷
Embora os mecanismos exatos ainda estejam sendo investigados, os resultados indicam que o Lion’s Mane pode modular positivamente neurotransmissores como serotonina e dopamina, além de atuar na regulação do eixo HPA (hipotálamo-hipófise-adrenal), que está frequentemente desregulado em transtornos de humor.
3. Pode acelerar a recuperação de lesões no sistema nervoso
O sistema nervoso é composto pelo cérebro, medula espinhal e uma vasta rede de nervos periféricos, responsáveis por transmitir sinais que regulam praticamente todas as funções do corpo — desde os batimentos cardíacos até o movimento muscular e a percepção sensorial.
Estudos recentes indicam que o extrato do cogumelo Juba de Leão (Hericium erinaceus) pode desempenhar um papel ativo na regeneração neuronal. Especificamente, os compostos bioativos hericenonas e erinacinas presentes neste cogumelo têm mostrado a capacidade de estimular a produção do Fator de Crescimento Nervoso (NGF) — uma proteína fundamental para o crescimento, manutenção e sobrevivência dos neurônios.⁽⁸,⁹⁾
Essa estimulação pode não apenas acelerar a cicatrização de nervos danificados, como também proteger contra a degeneração neuronal em casos de trauma ou doenças neurológicas.
Além disso, há evidências em modelos animais de que o uso do Lion’s Mane pode reduzir o impacto neurológico de acidentes vasculares cerebrais (AVCs), minimizando a extensão das lesões no tecido cerebral e melhorando o processo de recuperação funcional.
Embora mais estudos clínicos em humanos sejam necessários, os resultados iniciais são promissores e sugerem que este fungo pode ter um lugar importante em abordagens futuras para tratar lesões do sistema nervoso central e periférico.
4. Proteção contra úlceras no trato digestivo
As úlceras gastrointestinais são lesões inflamatórias que podem se desenvolver em diversas regiões do sistema digestivo, como o estômago, intestino delgado e intestino grosso. Elas surgem, principalmente, devido a dois fatores: o crescimento excessivo da bactéria Helicobacter pylori (H. pylori) e o enfraquecimento da barreira mucosa gástrica provocado pelo uso prolongado de anti-inflamatórios não esteroides (AINEs).
Diversos estudos apontam que o extrato do cogumelo Juba de Leão (Hericium erinaceus) possui propriedades gastroprotetoras. Ele parece inibir o crescimento da H. pylori — uma das principais responsáveis pelas úlceras gástricas — além de fortalecer o revestimento mucoso do estômago, atuando como um escudo contra lesões induzidas por substâncias irritantes.¹⁰
Pesquisas in vitro mostraram que compostos bioativos presentes no Lion's Mane impedem a proliferação da H. pylori em ambiente controlado.¹¹
Além disso, um estudo clínico de 2016 com pacientes portadores de colite ulcerativa — uma condição inflamatória crônica do intestino grosso — demonstrou que o consumo diário de um suplemento contendo 14% de extrato de Hericium erinaceus resultou em redução significativa dos sintomas e melhora da qualidade de vida em apenas três semanas.¹²
Essas evidências reforçam o potencial terapêutico da Juba de Leão na prevenção e manejo de distúrbios gastrointestinais, tanto de origem bacteriana quanto inflamatória.
5. Reduz o risco de doenças cardíacas
Diversos fatores aumentam o risco de desenvolver doenças cardíacas, como a obesidade, níveis elevados de triglicerídeos, colesterol oxidado na corrente sanguínea e a predisposição à formação de coágulos.
Estudos indicam que o extrato do cogumelo Juba de Leão (Hericium erinaceus) pode atuar sobre alguns desses marcadores, ajudando a reduzir significativamente o risco de problemas cardiovasculares.
Em um estudo de 2010, ratos alimentados com uma dieta rica em gorduras e suplementados diariamente com extrato de Juba de Leão apresentaram redução de 27% nos níveis de triglicerídeos e 42% menos ganho de peso após 28 dias, em comparação com o grupo controle.¹³
Além disso, análises em ambiente laboratorial (estudos in vitro) mostraram que os compostos presentes nesse cogumelo inibem a oxidação do colesterol LDL, um dos principais processos associados ao desenvolvimento de placas ateroscleróticas.¹⁴
Outro ponto de destaque é a presença da hericenona B, um composto natural do Hericium erinaceus, que tem demonstrado potencial em reduzir a taxa de coagulação sanguínea, o que pode diminuir o risco de eventos cardiovasculares graves, como infarto e AVC.¹⁵
Com essas ações combinadas — redução de lipídios, proteção vascular e modulação da coagulação —, a Juba de Leão se mostra promissora como aliada na prevenção de doenças do coração.
6. Auxilia no controle dos sintomas da diabetes
A diabetes mellitus é uma condição metabólica caracterizada pela incapacidade do organismo de regular adequadamente os níveis de glicose no sangue, resultando em hiperglicemia persistente.
Estudos pré-clínicos demonstraram que o cogumelo Juba de Leão (Hericium erinaceus) pode contribuir significativamente para a redução da glicemia, tanto em modelos animais saudáveis quanto em modelos diabéticos. Mesmo em doses baixas — aproximadamente 6 mg por kg de peso corporal — os extratos mostraram eficácia em diminuir os níveis de açúcar no sangue.¹⁶
Um dos mecanismos responsáveis por esse efeito é a inibição da enzima alfa-glicosidase, presente no intestino delgado. Essa enzima é responsável por quebrar carboidratos em glicose para absorção. Ao bloquear sua atividade, o Juba de Leão retarda a digestão dos carboidratos, reduzindo o pico glicêmico pós-refeição.
Além disso, em um estudo com ratos portadores de neuropatia diabética (um dos sintomas mais debilitantes da diabetes), o uso contínuo do extrato por 6 semanas levou a uma redução significativa da dor, melhora dos níveis de glicose no sangue e aumento da atividade antioxidante nos tecidos nervosos.¹⁷
Esses achados sugerem que o Hericium erinaceus pode ser uma ferramenta complementar no gerenciamento da diabetes tipo 2 e suas complicações, especialmente quando associado a mudanças no estilo de vida e ao acompanhamento médico.
7. Pode auxiliar no combate ao câncer
O câncer é uma doença caracterizada pela mutação e replicação descontrolada de células anormais, geralmente causada por danos no DNA. A progressão da doença envolve a proliferação celular, evasão do sistema imunológico e metástase — ou seja, a capacidade de se espalhar para outras partes do corpo.
Estudos in vitro (em laboratório) demonstraram que o extrato do cogumelo Juba de Leão (Hericium erinaceus) tem potencial para induzir apoptose — a morte programada de células tumorais — em diferentes tipos de células cancerosas humanas. Isso já foi observado em linhagens celulares de câncer hepático, colorretal, gástrico e leucêmico.¹⁸
Além da atividade citotóxica (capacidade de matar células cancerosas), o extrato também demonstrou efeito antimetastático, ou seja, pode inibir a disseminação de células malignas para outros órgãos.
Em um estudo realizado em 2013, ratos com carcinoma colorretal tratados com o extrato de Juba de Leão apresentaram uma redução de 69% na metástase pulmonar em comparação ao grupo controle.¹⁹
Esses resultados iniciais são promissores, e embora ainda sejam necessários mais estudos clínicos em humanos, os dados pré-clínicos indicam que o Hericium erinaceus pode se tornar um adjuvante natural importante na prevenção e controle da progressão tumoral.
8. Reduz a inflamação e o estresse oxidativo
A inflamação crônica e o estresse oxidativo são fatores centrais no desenvolvimento de diversas doenças modernas, como doenças cardiovasculares, câncer, diabetes tipo 2, doenças neurodegenerativas e condições autoimunes.
O estresse oxidativo ocorre quando há um desequilíbrio entre a produção de radicais livres e a capacidade do corpo de neutralizá-los com antioxidantes. Já a inflamação crônica pode ser uma resposta persistente do sistema imunológico a esse desequilíbrio, o que, a longo prazo, danifica células, tecidos e órgãos.
O cogumelo Juba de Leão (Hericium erinaceus) possui compostos bioativos com propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias que ajudam a combater esse processo nocivo.
Um estudo de 2012 que avaliou o potencial antioxidante de 14 espécies de cogumelos concluiu que o Juba de Leão apresentou a quarta maior atividade antioxidante, sendo destacado como uma excelente fonte dietética de compostos protetores contra o dano celular.²⁰
Essas propriedades fazem com que o Hericium erinaceus seja um candidato promissor como suplemento funcional na prevenção de doenças relacionadas ao envelhecimento e ao estresse metabólico.
9. Reforça o sistema imunológico
Um sistema imunológico eficiente é a primeira linha de defesa do organismo contra bactérias, vírus e outros agentes patogênicos que podem causar infecções e doenças crônicas.
Em contrapartida, um sistema imune comprometido deixa o corpo mais vulnerável a infecções recorrentes, inflamações persistentes e dificuldade em eliminar invasores.
Estudos em modelos animais demonstram que o cogumelo Juba de Leão (Hericium erinaceus) tem o potencial de fortalecer o sistema imunológico, principalmente estimulando a atividade imunológica no intestino — uma das regiões mais críticas de vigilância imunológica, já que representa a principal porta de entrada para microrganismos patogênicos, seja pela alimentação ou pelo ar inalado.²¹
Um estudo de 2012 observou que ratos suplementados diariamente com extrato de juba de leão apresentaram uma resposta imune significativamente mais eficiente, a ponto de sobreviverem até quatro vezes mais após serem expostos a uma dose letal de bactérias Salmonella.²²
Esses achados sugerem que o Hericium erinaceus pode atuar como imunomodulador natural, auxiliando na prevenção de doenças infecciosas e fortalecendo a imunidade inata — especialmente em momentos de maior vulnerabilidade.